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Repensando Masculinidade: Como Falar Sobre Saúde Mental Masculina Sem Polarizações

  • Foto do escritor: psificando
    psificando
  • 14 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de fev.

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Na contemporaneidade, falar sobre masculinidade e os desafios enfrentados pelos homens é entrar em um terreno repleto de tensões e opiniões divergentes.

Quando discutimos questões como saúde mental masculina, vulnerabilidade ou até mesmo os impactos da repressão emocional, não é raro que certas afirmações acabem por gerar um contraponto imediato.


Uma frase comum que ilustra esse tipo de dinâmica é:


“Nem todo homem, mas sempre um homem.”


Esse tipo de comentário pode, para muitos homens, gerar um profundo incômodo. Afinal, ele carrega uma generalização implícita que, de forma direta ou indireta, atribui a todos os homens uma carga de culpa. E embora seja verdade que a violência de gênero é um problema grave e predominante, a questão se torna mais complexa quando pensamos nos impactos das generalizações, que podem acabar alienando justamente aqueles que mais precisam de apoio para se transformar.


A partir da minha experiência e estudos, percebo que o homem ferido, quando não encontra espaço para se expressar ou se sente seguro para buscar ajuda, pode reagir de maneira destrutiva, como um animal encurralado. Ele não sabe como processar suas dores ou sua frustração por repressões e 'encaixotamento' cultural e, sem alternativas saudáveis, pode acabar ferindo a si mesmo e aos outros, inclusive as mulheres. É justamente nesse ponto que o diálogo sobre masculinidade se faz tão necessário.


O Desafio de Um Diálogo Saudável


No entanto, como abordar a questão da masculinidade sem cair na armadilha das polarizações?


Carl Jung uma vez disse que qualquer opinião assertiva inevitavelmente gera uma tensão oposta (consciente ou inconsciente), e talvez seja por isso que tantas conversas sobre masculinidade geram debates inflamados. Mas se queremos realmente contribuir para um diálogo que promova compreensão e crescimento, precisamos encontrar um equilíbrio: validar as dores das vítimas de violência, ao mesmo tempo em que oferecemos espaços seguros para que homens possam se expressar sem medo de serem rotulados ou silenciados.

A ferida masculina, em muitos casos, nasce da repressão emocional e de uma série de expectativas culturais que exigem força constante e negação da vulnerabilidade. Muitos homens, ao longo da história, foram socializados para acreditar que expressar dor ou vulnerabilidade é um sinal de fraqueza. Quando não há espaço para processar essas emoções, o risco de comportamentos agressivos aumenta, perpetuando ciclos de dor.


Educação e Cultura: Desafios e Contradições


Outro ponto que complica o diálogo sobre relacionamentos, consentimento e maturidade emocional é o impacto da cultura na educação. Como educar jovens sobre sexualidade de maneira consciente e saudável se, como sociedade, ainda estamos nos confrontando com nossas próprias limitações e tabus em relação ao desejo?

Muitos adultos nunca exploraram sua própria sexualidade de maneira plena, carregando consigo preconceitos, medos e vergonha. A sexualidade, embora seja um impulso natural e instintivo, é envolta em tabus e é filtrada por normas culturais que, muitas vezes, reprimem em vez de educar. A exploração e o autoconhecimento são fundamentais, mas ainda há uma carência de espaços e discursos que incentivem isso de forma segura e respeitosa.


O Paradoxo das Normas e da Subjetividade


Se olharmos para o passado, perceberemos que muitas práticas culturais que hoje são consideradas problemáticas eram comuns e até normativas. Por exemplo, na época de nossos avós, era socialmente aceitável que uma mulher de 15 anos se casasse com um homem mais velho. Hoje, essa prática é amplamente condenada, e por boas razões. O entendimento moderno reconhece que, aos 15 anos, uma jovem ainda está em fase de desenvolvimento emocional e psicológico, o que torna difícil para ela compreender completamente a complexidade de uma relação íntima com um homem adulto.

No entanto, como determinar de forma objetiva o que é apropriado ou não?

O mundo, quando analisado profundamente, é cheio de subjetividades. A moralidade, a ética e até mesmo as leis são, em sua maioria, construções culturais que mudam com o tempo. O que era aceito há cinquenta anos pode não ser mais aceitável hoje, e o que é considerado correto em uma sociedade pode ser questionável em outra.


Um Convite ao Diálogo Reflexivo


A complexidade das relações humanas e o impacto das normas culturais requerem uma abordagem mais ponderada. Precisamos reconhecer que o sofrimento masculino é real e que a repressão emocional pode levar a comportamentos destrutivos. Ao mesmo tempo, não podemos ignorar as experiências de dor de tantas mulheres e as estruturas sociais que perpetuam essas desigualdades.

O desafio é criar espaços onde possamos ter diálogos profundos, honestos e respeitosos. Precisamos de uma educação sexual que vá além dos tabus, promovendo um conhecimento saudável do corpo e do desejo. E, acima de tudo, precisamos reconhecer que somos todos parte de uma mesma sociedade, cujos problemas não serão resolvidos com polarizações, mas sim com compreensão, empatia e vontade de construir um mundo mais consciente.




Pós Escritos:


Na busca por me aprofundar nessa temática olhando na "superfície" ou seja, não me adentrando tanto nas camadas do inconscientes, mas com uma visão mais objetiva do assunto encontrei textos e essa entrevista incrível com a pesquisadora Isabela Venturoza.

Convido a todos a assistirem e acompanharem o trabalho incrível dela à respeito da masculinidade.




Agora o que você pensa sobre a masculinidade nos dias de hoje? Deixe sua opinião nos comentários ou compartilhe este texto com alguém que se interessa pelo tema.

 
 
 

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