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Escavando a Alma: Um Caminho de Autoconhecimento e Cura Coletiva

  • Foto do escritor: psificando
    psificando
  • 30 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 21 de jul. de 2024

Um Caminho de Autoconhecimento e Cura Coletiva


No processo terapêutico o primeiro impulso é cavar, buscando alguma coisa ali, buscando a raiz do problema para arrancar de uma vez por todas, tirar as ervas daninhas, limpar o campo, tirar a poeira. Conforme o buraco se aprofunda percebemos que tem tanta coisa ali que parece que não vamos dar conta, o cheiro que sobe é de podridão, as dores e angústias parecem não tem fim, parece que tudo que passamos foi ilusão e tudo se torna culpa e arrependimento.


Ao continuar podemos encontrar alguns ossos, coisas secas e a partir daí o setting terapêutico toma a forma de um sítio arqueológico, encontramos alguns pequenos tesouros aqui e ali, alguns esqueletos tomam contorno e limpamos com muito cuidado, com pequenas pinceladas aqui e ali, com muito cuidado para não danificar nada, e quando vem um temporal buscamos proteger tudo isso para que nada se perca, para que os estragos não cubram tudo de novo. Passamos a dar valor a nossa história.


Em momentos como esse busco recordar este pequeno trecho de Marie-Louise Von Franz:

Quanto mais as pessoas trabalham neste caminho, mais precisas vão se tornando as indicações do inconsciente e mais rigorosamente a pessoa é punida ou desviada do seu curso se cometer o mais leve engano.
A natureza não se vinga. Mas à medida que o trabalho progride ao longo dos anos, até mesmo um pequeno desvio, uma sugestão induzida por uma palavra inadequada, ou uma fuga para um momento errado, podem ter as piores consequências psicossomáticas.
É como se a pessoa se tornasse cada vez mais sutil, andando no fio da navalha. Qualquer faux-pas [passo em falso] poderia resultar em uma catástrofe abissal, enquanto que anteriormente podia-se afastar quilômetros do caminho certo sem que o inconsciente desferisse uma bofetada ou exigisse vingança de alguma forma.

Reflexão Coletiva e Arqueologia Cultural


Vejo em relação a humanidade um processo semelhante, assim como buscamos nos conscientizar de nosso lugar no mundo, cada nação tem seu papel, cada país e continente tem sua massa de consciência e inconsciência, quando um desses países entra em choque ou é invadido podemos dizer que ouve uma invasão do inconsciente e que agora precisamos olhar para aquele conteúdo com calma e cautela, se não o estrago pode tirar tudo novamente do eixo.


Percebo que a revolução tecnológica que nos acontece hoje, junto às tensões que tem ocorrido no oriente médio, a emergência do feminino e o reconhecimento dos povos originários não são movimentos tão separado quanto se apresentam.


Gosto de olhar para os povos originários como um resgate de algo que foi perdido pelo homem em sua infância, assim como na análise tendemos a revirar o passado e nos conectar com nossa criança, que busca a novidade e estar em grupo, olhar para os povos originários das mais diversas partes do mundo é resgatar nossas raizes instintivas, a infância da humanidade e nossa conexão com a terra, lá encontramos o feminino, o solo que nos nutre e tem vida própria, águas subterrâneas que movem-se longe de nossos olhos e emergem em cada alma humana desavisada.


A resistência às águas causa uma enorme pressão, enquanto nações inteiras buscam reprimir através do poder e do medo as águas explodirão e inundarão o mundo (veja aí o motivo arquetípico do dilúvio), os povos do oriente médio apesar de sua aparente brutalidade e repressão do feminino, são o berço fértil da arte para o mundo, grandes obras literárias surgiram de lá, existe uma sensibilidade no oriente médio e uma grande sabedoria, as suas grandes rotas comerciais da antiguidade propiciaram uma enorme diversidade de culturas de conviverem e mesclarem-se com majestosa riqueza!


Enquanto países ditos totalmente globalizados, que mais são globalizadores, parecem retornar ao passado e usar dele como manobra de vitimização, desespero e medo, fechando o olho do mundo para a riqueza do ser humano, usando da infantilidade como maneira de permanecer reinando. Sempre imagino um grande país vestido de pequeno rei que perdeu seu brinquedo e quer se meter na brincadeira dos outros para chamar a atenção.


Autoconhecimento e Papel no Mundo


Você deve se perguntar, mas o que isso tem a ver com a minha análise?


Como humanos e indivíduos somos reflexo do mundo, e nosso mundo interno conta a mesma narrativa, refletir sobre esses elementos traz uma conexão maior com o todo e uma ampliação de sua visão sobre si e sobre o mundo.


A guerra contra o mundo e contra si mesmos é improdutiva, buscar diálogo com nosso interior, com nossos anseios e angústias é a melhor ferramenta, nós mesmos somos fonte de enorme sabedoria, manter a paz em momentos de guerra é desafiador, mas ir contra a guerra é continuar resistente a si e ao mundo.

Nunca irei a uma manifestação contra a guerra, se fizerem uma pela paz chamem-me.

Madre Tereza de Calcutá


Olhar para si com amor é uma forma de estar vigilante quanto aos nossos próprios demônios a fim de evitar uma possessão que parece vir de fora para dentro, mas que é verdadeiramente de dentro para fora, isso não é negacionismo, é auto cuidado, e assim nos tornamos exemplo positivo para aqueles que nos cercam, aprender a falar não, a escutar e conhecer o mundo à partir de sí é nosso maior ato de amor e cuidado para com o mundo, isso é o caminho para consciência de qual o nosso papel.


Em minha opinião, para cada caso manifesto de doença mental existem ao menos dez casos latentes que nem sempre chegam a se manifestar, mas cujas condutas e concepções encontram-se sob a influência de fatores inconscientes doentios e perversos, apesar de toda a aparência de normalidade.

Carl G. Jung


Afinal aceitar tudo sem refletir é ir junto com a massa e com o pensamento popular, ser normal não necessariamente é ser são, ser normal é ser desatento ao pedido de nossa alma que clama nossa atenção e refinamento.


E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar.

Clarice Lispector


O caminho para a paz e a harmonia, tanto interna quanto externa, reside na busca contínua pelo autoconhecimento, na aceitação de nossa história e raízes, e na prática da compaixão e do amor próprio. Ao fazer isso, podemos criar um impacto positivo não só em nossas vidas, mas também no mundo ao nosso redor.



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